
O passado nos assombra.
Mas ouça, meu bem:
esses temidos cacos de vidro,
mesmo se juntados,
nunca serão cálice outra vez.
Recolho-os e os passo.
(Assim ganho mais espaço).
Eu sei,
podem até fazer desses cacos,
campos ricos e ensolarados,
rios límpidos e afortunados,
amores pueris e bem aventurados.
Para mim,
são só cacos.
Incapazes de voltar à mesa
ou de substituir a beleza
das flores que agora vêm;
da fé que me esteia
do néctar que me nutre
e da luz que me mantém.