
domingo, 5 de junho de 2011
Jardins II

Jardins

Despropósito

Fico sozinho à noite pra ver se consigo me encontrar. Mas nunca me livro do mundo. Ele sempre dá um jeito de me alcançar. Não adianta fechar as janelas e trancar as portas. Ele entra pelas frestas; escorre pelo telhado e chega a mim de uma forma ou de outra. Mas mesmo assim o ignoro e finjo que não o vejo.
Eu sei que ele vai desistir
mais cedo ou mais tarde.
Fins

Agora tinha acabado. Repensou todos aqueles fins tumultuados. Nas brigas sem causas, nos gritos, na raiva sem fim. Agora era de vez. Não houve sequer uma batida de porta. Apenas um ‘adeus’ rápido, pronunciado com entonação de ‘até logo’. Mas os dois sabiam que não se veriam mais. Ao observar o carro dele se afastando, os olhos dela ficaram mareados. Emanou certo arrependimento. Um medo: e se a saudade for infindável? No entanto, isso ocorreu por poucos segundos, pois logo pegou a chave de casa no bolso direito da calça, dando-se conta de que o jantar – e o mundo - a aguardavam. E isso pode parecer estranho, mas, uma vez tendo entrado em casa e batido o portão, nunca mais pensou nele.