domingo, 7 de agosto de 2011

Caminhos



Fala-se em sonhos.
Trilhar caminhos.
Traçar estradas.
Formar seus ninhos.

Sair de casa.
Ficar sozinho.
Criar meninas,
(lugar ao Sol).

E então depois
uns dois meninos
pra levar ao futebol.

Já tenho netos.
Alguns formados.
E uns dois filhos,
divorciados.

E entre a dama e
o baralho, num
dia desses, que
sempre é sábado,
um breve olhar
para o passado

e me vem o mais cruel
(mas não raro)
questionamento:

deveria eu ter desviado
esse tão certo caminho
em algum certo momento?

Explicações



Acerca destes poemas
e destas cartas,
não te preocupes, meu bem.

É um aliviar de emoções, simplesmente.

Não me arrependo de ter partido.
E sequer tocarei no assunto
novamente.

sexta-feira, 5 de agosto de 2011

Costumes da Terra V

(O Compromisso)

Má que nega mais tola

que num cuida mim
que intorna o feijão
queima o bolo de aipim.

Não tem força pra moer,
pra parir ou pra colher.
E sabe nada de criança!

Ah, meu velho,
e quando chega na festança,
dá-lhe vinho e quinhão!
Encanta os cumpade tudo
com a nada fina dança
e seu dado coração.

Mas é minha, meu Sinhô.
Teve jura na capela!
E homi de palavra que sou,
mesmo a moça sen’uma porta,
um casório não se cancela.

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Jardins III


(A dúvida)

Podes ir, não faz mal.
Tua ausência é banal.

E a praça, já com flores,
já ganhou algumas cores
que meus olhos,
antes tristes,
não podiam enxergar.

Eu, sozinho, vendo os pombos,
já depois de tantos tombos,
finalmente, decadente,
me coloco a perguntar:

se os pássaros já cantam,
se as moças já me encantam,
e se a vida já não é
(e nem será) tão ruim assim,

quem sabe eu não planto
uma flor em outro canto
que sorria todo dia
e pertença só a mim?