quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Labirinto


(A queda)

Em instantes,
negros pontos,
alguns brilhantes,
me tomam a vista.

Pendo aos dois lados da pista.

Meu velho desequilíbrio,
eu, ébrio, à ti não minto:
és já parte de meu eterno labirinto.

Este que cerca e derruba.
Somatiza e desnuda.
Põe-me sempre adoecida.

E caio de novo em desgosto da vida.

segunda-feira, 5 de setembro de 2011

Dia de Sol



Não se vá,
pequena menina;
que o dourado
dos seus cachos
sob o Sol
traz-me o gosto
do mais doce dos méis.

E o contraste
desses cachos
com o céu,
(cenário anil),
cega minha alma
e qualquer razão que,
por ventura,
em mim já existiu.

Desejo íntimo


O céu em crepúsculo.
Negros montes sem vida.
Estrada disforme e sofrida.
E sombras em conflito.

Constato, de pronto:
o fim já foi escrito.

A rotina me engole e me suga.
E o meu desejo de fuga
já não aparece há algum tempo.

Sinto que perdi o controle
de um viver entediante
que agora já não posso
(e nem sei) levar adiante.

Só sinto.
Finjo.
Minto.
Invento.
Procuro.
Espanto
o tormento,
o pranto,
a vontade de partir
de vez e com sucesso.

E extirpar todo esse tempo
vivido em excesso.

Amor e tempos




Quisera ser luz a me guiar
no tão árduo caminho.

Ao final das noites,
esperava-me sozinho,
em silêncio.

Silêncio,
atinado,
gritando
precisamente
as minhas
fraquezas.

Tentavas me avisar
de minhas tristezas.

Mas era dia.
Era verão.
E o barulho do mar...
Ah, o barulho do mar,
como este era forte e vívido;
como as canções tão alegres e
vibrantes me proibiram de lhe ouvir.

Como fui feliz ali...

Mas como vencidos guerreiros,
foram-se dezembros, natais e fevereiros.

E hoje, no frio das noites invernais,
rendo-me àquele que a mim ainda se rende,
e que reza (ainda e novamente)
pelo fim dos carnavais.