segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

Janeiro



Deu-me livros e cartas,
numa caixa.
A mim, uma caixa
com seu cheiro.


A caixa acha
sentidos sofridos
perdidos no cotidiano:
logo me lembro que
ainda te amo.


A caixa me taxa:
"baixa!",
"covarde!".
A caixa me arde.


Não tarde,
o cheiro enfraquece
e, mais ainda, adoecem
minhas já abertas feridas.
Meus já mortos canteiros.


No fim, o cheiro se vai;
e com ele, minha vida.
Nesse quente (mas tão frio)
mês de janeiro.

Nenhum comentário:

Postar um comentário