segunda-feira, 7 de setembro de 2009

Antevisões


Pela terceira vez entro no quarto. Andei pela casa o dia inteiro, criando diferentes caminhos. Procurando. Procurando. Sem mesmo ter a intenção de encontrar. As revistas estão no lugar; os chinelos, espalhados. E você não está lá. Então nem adianta essa maquiagem toda. É melhor eu fechar as janelas e continuar destoando do mundo nessa tarde de sábado.

Vou lavando a louça e molhando o jardim e cuidando da casa mesmo não me importando se a pia está suja ou se a grama já cresceu. De que adianta a piscina azul? Ela não pode te trazer de volta!

E então eu sento na cama e penso que aquela conversa pode ter sido mesmo a última e que a sensação de que ainda existe algo entre nós pode acabar a qualquer momento, quando você encontrar uma moça bonita no metrô ou mesmo perto de onde você mora e, a partir de então, vai lembrar-se de mim e ficar triste por um instante, até se dar conta de que tem que pegar o seu filho mais novo no futebol e guardar as compras que ela fez, mas teve que sair logo porque estava atrasada para ir ao cabeleireiro, que pode até ser o mesmo que eu já fui um dia, mas que não freqüento mais por ter me mudado para o outro lado do mundo fugindo das lembranças que me tomam a consciência desde hoje e que sei que não vão sumir mais.


(E pensar que te mandei embora por falta de amor).

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